segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Brasil: uma potência solidária (apesar de nossas oligarquias)

Via Escrevinhador

Brasil 2020: uma Potência Solidária      


Por Marcelo Salles e Fábio Balestro

O cálculo é da revista The Economist: em 2020 a China deixará os Estados Unidos para trás e se tornará a maior economia do planeta. Não por outro motivo os teóricos estadunidenses já fazem projeções para os próximos anos, considerando cenários que oscilam entre a cooperação e a competição entre os dois países. As gradações variam de acordo com os analistas e os ângulos considerados.

Nesse sentido, destaca-se um recente comentário de Kurt Campbell, conselheiro da Secretaria de Estado para o Leste Asiático e o Pacífico dos Estados Unidos. “Um dos desafios mais importantes para a política externa dos Estados Unidos é efetivar a transição do foco imediato do Oriente Médio para o longo prazo da Ásia”.

Considerando essa mudança de posicionamento dos Estados Unidos e o conturbado cenário europeu, em que o desemprego e a crise econômica se aprofundam, o melhor que temos a fazer nesse momento é estreitar os laços com os países latino-americanos e ampliar as relações com os africanos.

O Brasil deve, mais do que nunca, aproveitar algumas vantagens conquistadas pelo continente sul-americano, manifestadas com maior clareza nos últimos seis anos: o expressivo crescimento econômico regional, o significativo aumento da inclusão social, as amplas reservas financeiras acumuladas e o portentoso mercado interno que conquistamos. Isso tudo nos garante um razoável respaldo diante das turbulências externas. Em vez de ficar a reboque dos que estão em crise, devemos montar nossa própria agenda positiva nesta década. Esse é o melhor caminho para nos fortalecermos e, num futuro próximo, reunirmos melhores condições para enfrentar os grandes desafios que se avizinham de igual para igual com as potências mundiais.

Para tanto, é fundamental impulsionar as atividades da Unasul – União das Nações Sul-Americanas. Criada com grandes ambições geopolíticas e econômicas, a Unasul se destacou, entre outras ações, quando investigou o massacre em Pando, na Bolívia. A missão, liderada pelo Brasil em 2008, conseguiu reunir provas que tiveram grande importância na condenação e prisão do então governador Leopoldo Fernandéz, que agia em consonância com os interesses da direita separatista e da diplomacia estadunidense.

Ações como essa precisam ser retomadas, já que reforçam o pólo de poder regional e ampliam nossa governabilidade sobre a segurança de Nuestra América. Vale lembrar que são ações cujos contenciosos são resolvidos pela ação diplomática com base nas doutrinas sul-americanas do direito internacional, o respeito à soberania e à não-intervenção em assuntos internos dos Estados. Desse modo, ao passo que valorizamos a institucionalidade regional, afastamos a interferência de potências estrangeiras.

Dando continuidade às iniciativas da política externa e em complementação a ela, o ministro da Defesa, Celso Amorim, vai esta semana ao Peru, quinto país da região que visita desde que assumiu a pasta, em agosto. “Estamos tratando de garantir que haja um ‘cinturão de paz e boa vontade’ em nossa região. Isso requer muita compreensão dos problemas dos nossos vizinhos, sem arrogância ou falsos complexos de superioridade”, disse à Carta Maior.

África 
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva priorizou o fortalecimento das relações comerciais do Brasil com o continente, visitando pelo menos 25 países e duplicando o número de embaixadas em seus dois mandatos.
Graças ao trabalho do então ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, temos hoje 31 representações diplomáticas na África, à frente da Grã-Bretanha, com 26, que por contenção de custos está tendo de fechar embaixadas onde antes era senhora. Estados Unidos (46), Rússia (45) e China (42) seguem à frente do Brasil. Em termos de movimentação financeira, só estamos à frente da Rússia, que anualmente negocia US$ 3,5 bilhões com a região. O Brasil movimenta US$ 20 bilhões, ainda atrás da Índia (US$ 32 bilhões) e muito aquém da líder China (US$ 107 bilhões).

Em termos de cooperação, entretanto, a diferença vai muito além das cifras; enquanto esses países se dedicam ao tema com matizes imperialistas, buscando extrair o máximo do continente, e tratando o impacto sobre sociedades locais como pauta menor, a cooperação brasileira parte de um paradigma de solidariedade e imbui-se do espírito da Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948, que enfatiza em seu preâmbulo o conceito de família humana.

Essa diferença conceitual se verifica na prática absolutamente distinta entre o Brasil e as potências tradicionais quando cooperando com a África. Ao passo que as segundas inundam o continente com dinheiro repleto de condicionantes, a cooperação brasileira, ao centrar suas ações no desenvolvimento humano, contribui para a autodeterminação e emancipação das sociedades locais, especialmente através do intercâmbio de boas práticas em políticas públicas. Um bom exemplo é a cooperação iniciada pelo presidente Lula, e mantida pela presidenta Dilma, com Guiné-Bissau para a Promoção do Registro Civil de Nascimento.

“Para cada problema africano existe uma solução brasileira”, afirma o pesquisador africano, hoje em Harvard, Calestous Juma. E os africanos reconhecem isso, como registrou Celso Amorim em artigo publicado na revista CartaCapital, com o significativo título “A África tem sede de Brasil”. No entanto, reforça ele, para transformar essa realidade virtual em ato concreto será preciso muita persistência e visão de futuro. “Estou certo [que essas virtudes] continuarão a inspirar o governo Dilma, como inspiraram o de Lula”.

Esse tipo de cooperação fortalece os laços entre o Brasil e os países africanos, produzindo efeitos mais duradouros ao reconstituir e estabelecer vínculos e similaridades não apenas no plano institucional, mas também entre os nossos povos, que um dia foram um só, e ainda hoje permanecem conectados pela influência cultural que exercem mutuamente uns sobre os outros.

O Brasil está no caminho certo, mas precisa aproveitar a atual conjuntura histórica para aprofundar o que vem se convertendo em uma nova hegemonia latinoamericana, baseada nos princípios da cooperação e no respeito à autodeterminação dos povos. Assim passaremos de país emergente a uma grande potência mundial – não uma potência imperialista, como tantas outras, mas de um novo tipo, que apenas o povo brasileiro, em seu singular sincretismo étnico-cultural, na acepção de Darcy Ribeiro, seria capaz de criar: uma Potência Solidária.

Marcelo Salles é jornalista. Fábio Balestro é advogado e especialista no Estudo das Instituições Ocidentais (Universidade de Notre Dame).


Leia outros textos de Até a Vitória, Sempre!

domingo, 18 de dezembro de 2011

Cada transformação de relações de competição em relações de reciprocidade e solidariedade pode estar na raiz de uma nova sociedade.

Do Portal Adital

Em defesa da condição humana
Paulo Suess
Missiólogo e assessor teológico do Cimi
Adital

Procuramos construir modos de vida e de sociedades que nossa própria cultura está diariamente destruindo. O capitalismo faz parte da nossa cultura. Como se trata de processos históricos, não podemos, simplesmente, voltar ao tempo perdido e reconstruir o que foi destruído. Com o material das ruínas culturais de agora e com a memória de antes precisamos construir a cultura do "bem viver” como algo novo e herdado, na base de "outra economia”. Pensar a "outra economia” significa "bem produzir” para que todos possam fazer aquilo que os meios de produção e a natureza permitem fazer, sem explorar as pessoas pelo trabalho ou alienar pelo consumo.

I.


A "outra economia” nos move no ritmo quaternário de uma ciranda e os quatro toques que fazem essa ciranda girar são: a natureza, os meios de produção e a tecnologia, as necessidades do consumo para o bem-estar de todos (criatividade, lazer e prazer sem privilégios). Por conseguinte, a "outra economia” há de ser pensada harmoniosamente inserida num determinado ambiente "natural”, "cultural”, "psicológico-vital” e "social”. A economia do capitalismo tardio gerou um desequilíbrio acentuado dessas quatro dimensões ao privilegiar "meios de produção/tecnologia” e "consumo”, em detrimento do "natural” e do "social”. A natureza descuidada continuamente adverte a humanidade de que suas dádivas são finitas. Nem tudo que os meios de produção permitem produzir, natureza e sociedade suportam sem danos graves. O capitalismo estabeleceu um círculo vicioso entre trabalho, mercadoria, consumo e lucro.

No projeto de uma "outra economia” se impõem tarefas radicais:


1. Precisamos desvincular trabalho de emprego. Isso significa devolver ao trabalho sua dimensão vocacional e criativa que caracteriza a dignidade humana. Emprego é uma relação contratual e, na configuração do capitalismo, está vinculado à produção de mercadorias rentáveis, a salários indignos e a lucros que dividem a sociedade em classes sociais hegemônicas e subordinadas. Os mecanismos de produção e distribuição de "bens de consumo” e "serviços” são mecanismos sistêmicos de exploração e alienação. Alienam o trabalhador do produto que ele faz e exploram sua mão de obra e os recursos da natureza. Ao comprar e gastar esses produtos, sem necessidade, alienam também o consumidor.

2. Não podemos permitir que, em nome do lucro, os limites antropológicos do ser humano sejam suspensos. A condição humana é marcada pela passagem evolutiva do reino animal ao reino humano através das culturas. Num longo processo civilizatório, a humanidade libertou-se, através das culturas, da programação dos instintos e se impôs limites – proibições, regras, leis, valores, recalques – necessários para a vida em sociedade. O sistema capitalista introduziu, sob o pretexto de liberdade e prazer, mercadorias que burlam leis e éticas culturais herdadas. O desejo do lucro comercializa toda a condição humana: sexualidade e afetividade, estética e ética, saúde e educação, nascimento e morte, ritos e festas, religião e arte. Não tendo mais instintos e colocadas muitas regras culturais à venda, os seres humanos são capazes de regredir a uma nova espécie que não é mais humana nem animal. A violência individual e coletiva que se observa em toda parte, dos estádios de futebol às guerras entre grupos religiosos e nações, é um fenômeno inerente ao capitalismo e suas instituições, e dá testemunho dessa condição humana híbrida. Problemas socioeconômicos não solucionáveis por persuasão, muitas vezes, são transferidos para o plano militar.

3. Como podemos aprender a a recusar o consumo de algo que nos envolve numa rede de lucro, exploração e alienação? Os que lucram com a venda desses produtos sabem, com promessas de satisfazer desejos e de suspender fronteiras, estimular a vaga sensação de liberdade. O que até hoje foi proibido e impossível deve agora ser experimentado como libertação de tradições culturais caducadas e da escravidão de fome e penúria. A satisfação de desejos alienados como libertação aprofunda o vão da desigualdade entre as classes sociais.

II.


A "outra economia” será construída numa longa caminhada de lutas e aprendizados, que perpassa o descontentamento de partes significativas da sociedade civil e a desconstrução de práticas alienantes. Podemos imaginar três maneiras de organizar a res pública: o Estado (neo)liberal, o Estado de bem-estar social, com uma opção intrassistêmica pelos desfavorecidos, e o Estado da "outra economia”, que conseguiria, democraticamente, eliminar a pobreza e a desigualdade, rompendo com o sistema capitalista globalizado. As duas primeiras formas de organização política, com suas limitações estruturais no gerenciamento do "bem viver”, já as conhecemos. A terceira, cuja plena realização seria o paraíso terrestre, representa um horizonte utópico.

1. Como ponto de partida dessa trajetória que nos leva à "outra economia”, podemos imaginar a forma do capitalismo tardio de hoje com suas apostas: crescimento, acumulação, autorregulação do mercado, competição individual e corporativista, privatização, mercantilização e alienação. Tudo o que é privatizado é orientado pela bolsa de valores e não pela solidariedade social. O discurso que justifica essa economia é a "retórica da responsabilidade”. Baseada em uma ética individual, essa retórica defende que cada um seria capaz de alcançar sua "liberdade merecida”. Mas essa liberdade produz, em detrimento da justiça distributiva, uma desigualdade crescente e um caos ecológico.

2. Um segundo modelo seria uma economia com crescente intervenção do Estado em favor dos pobres e marginalizados. O resultado desta intervenção seria uma espécie de economia de bem-estar social, implantada pelo chamado Estado de bem-estar social, que não propõe uma ruptura sistêmica e, por conseguinte, confunde a opção pelos desfavorecidos com a opção de combate à pobreza. Esse modelo é melhor que a primeiro, mas não resolve os problemas de fundo herdados do capitalismo, isto é, a desigualdade e a violência.

3. Como construir uma economia de justiça social e responsabilidade solidária? Por um lado, não podemos voltar a sociedades agrícolas ou pré-industriais. Nem os povos indígenas, quando em contato com a sociedade industrializada, querem essa volta às origens. Por outro lado, não encontramos uma solução num sistema econômico que tem no seu centro lucro, competição, acumulação e alienação. A sociedade da informática que, gradativamente, se consolida como sociedade pós-industrial, não muda essencialmente o quadro sistêmico do capitalismo. Até hoje, revoluções, lutas de classes, movimentos sociais e movimentos educativos de conscientização não foram capazes de forjar transformações sistêmicas duradouras.

III.


A "outra economia” será uma economia pós-capitalista. As enfermidades das economias neoliberal, pós-neoliberal e do chamado Estado do bem-estar social exigem rupturas sistêmicas. Já que todos os sistemas sociais são dialéticos e contraditórios, é possível também no capitalismo identificar contradições que possibilitam antecipar, às vezes, simbólica, às vezes, realmente, rachaduras sistêmicas como precursoras de mudanças estruturais.

Como metas para a aproximação do horizonte da "outra economia”, que vai ser o nascimento de uma nova sociedade pluricultural, cuja universalidade terá a sua base na pluralidade regional, podemos imaginar:

- redução, desconcentração ou abolição da propriedade privada dos meios de produção coletivamente operados;

- redução do trabalho empregatício alienado;

- estímulos à participação nas relações de produção;

- convivência com a natureza numa relação de reciprocidade de sujeitos, o que exige repensar nossa subjetividade e nossa matriz energética;

- redução do consumo a um nível salutar e possível para todos;

- revisão do sistema educacional que representa uma "chocadeira” da ideologia dominante.

Todas essas metas exigem novas relações sociais desde a própria casa até os confins do mundo. O eixo dessas novas relações é a solidariedade, com suas ramificação na reciprocidade, subsidiariedade e gratuidade. Para avançar na direção de "outra economia”, é preciso transformar as massas populares que silenciosamente sofrem em atores conscientes de seu individualismo competitivo, de seu estatuto de compradores realizados pelo seu poder de consumo, de sua exploração e alienação, e convencê-las de que outra inserção no mundo é possível. Práticas e movimentos de recusa da naturalização do status quo necessitam de um investimento pedagógico extraordinário para além do capital.

O cálice do sofrimento que transborda cria consciência e facilita a atuação pedagógica. Existem sintomas de sofrimento globalizado que se tornaram visíveis na revolta da "Primavera Árabe”, no "Movimento dos Indignados”, da Espanha, no levante estudantil, do Chile, e nos protestos "Ocupe Wall Street”, nos Estados Unidos. Ramificações desses movimentos de protesto apontam no mundo inteiro para a construção de "outra sociedade”. Cada gesto simbólico ou real de gratuidade rompe com a lógica de custo-benefício. Cada mudança na matriz energética pode tornar o mundo mais habitável. Cada transformação de relações de competição em relações de reciprocidade e solidariedade pode estar na raiz de uma nova sociedade.

Já somos 7 bilhões de habitantes. Haverá alimentos suficientes para todos?

Via Blog do Noblat
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É possível alimentar sete bilhões de pessoas?

Já somos 7 bilhões de habitantes. Haverá alimentos suficientes para todos? Há várias respostas. Escolhemos uma do grupo Agrimonde (veja Développement et civilizations, setembro 2011), de base francesa, que estudou a situação alimentar de seis regiões críticas do planeta.
O grupo de cientistas é otimista, mesmo para quando seremos 9 bilhões de habitantes em 2050. Propõe dois caminhos: o aprofundamento da conhecida revolução verde dos anos 60 do século passado e a assim chamada dupla revolução verde..
A revolução verde teve o mérito de refutar a tese de Malthus, segundo o qual ocorreria um descompasso entre o crescimento populacional, de proporções geométricas e o crescimento alimentar de proporções ariméticas, produzindo um colapso na humanidade. Comprovou que com as novas tecnologias e uma melhor utilização das areas agricultáveis e maciça aplicação de tóxicos, antes destinados à guerra e agora à agricultura, se podia produzir muito mais do que a população demandava.
Tal previsão se mostrou acertada pois houve um salto significativo na oferta de alimentos. Mas por causa da falta de equidade do sistema neoliberal e capitalista, milhões e milhões continuam em situação de fome crônica e na miséria.
Vale observar que esse crescimento alimentar cobrou um custo ecológico extremamente alto: enveneraram-se os solos, contaminaram-se as águas, empobreceu-se a biodiversidade além de provocar erosão e desertificação em muitas regiões do mundo, especialmene na África.
Tudo se agravou quando os alimentos se tornaram mercadoria como outra qualquer e não como meios de vida que, por sua natureza, jamais deveriam estar sujeitos à especulação dos mercados. A mesa está posta com suficiente comida para todos mas os pobres não tem acesso a ela pela falta de recursos monetários. Continuaram famintos e em número crescente.
O sistema neoliberal imperante aposta ainda neste modelo, pois não precisa mudar de lógica, tolerando conviver, cinicamente, com milhões de famintos, considerados irrelevantes para a acumulação sem limites.
Esta solução é míope senão falsa, além de ser cruel e sem piedade. Os que ainda a defendem não tomam a sério o fato de que a Terra está, inegavelmente, à deriva e que o aquecimento global produz grande erosão de solos, destruição de safras e milhões de emigrados climáticos. Para eles, a Terra não passa de mero meio de produção e não a Casa Comum, Gaia, que deve ser cuidada.
Na verdade, quem entende de alimentos são os agricultores. Eles produzem 70% de tudo o que a humanidade consome. Por isso, devem ser ouvidos e inseridos em qualquer solução que se tomar pelo poder público, pelas corporações e pela sociedade pois se trata da sobrevivência de todos.
Dada a superpopulação humana, cada pedaço de solo deve ser aproveitado mas dentro do alcance e dos limites de seu ecossistema; devem-se utilizar ou reciclar, o mais possível todos os dejetos orgânicos, economizar ao máximo energia, desenvolvendo as alternativas, favorecer a agricultura familiar, as pequenas e médias cooperativas.
Por fim, tender a uma democracia alimentar na qual produtores e consumidores tomam consciência das respectivas responsabilidades, com conhecimentos e informações acerca da real situação da suportabilidade do planeta, consumindo de forma diferente, solidária, frugal e sem desperdício.
Tomando em conta tais dados, a Agrimonde propõe uma dupla revolução verde no seguinte sentido: aceita prolongar a primeria revolução verde com suas contradições ecológicas mas simultaneamente propõe uma segunda revolução verde. Esta supõe que os consumidores incorporem hábitos cotidianos diferentes dos atuais, mais conscientes dos impactos ambientais e abertos à solidariedade internacional para que o alimento seja de fato um direito acessível a todos.
Sendo otimistas, podemos dizer que esta última proposta é razoavelmente sustentável. Está sendo implementada, seminalmente, em todas as partes do mundo, através da agricultura orgânica, familiar, de pequenas e médias empresas, pela agroecologia, pelas ecovilas e outras formas mais respeitadoras da natureza. Ela é viável e talvez tenha que ser o caminho obrigatório para a humandade futura.

Leonardo Boff é teólogo e filósofo

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Novo paradigma: superação

Do Observatório da Imprensa

COMUNICAÇÃO & MARKETING

Capitalismo, TICs e consumismo

Por Valério Cruz Brittos e Jéssica M. G. Finger em 06/12/2011 na edição 671


O capitalismo sustenta-se no fomento incessante ao consumismo, acelerando a acumulação por uma parte da sociedade. Trata-se de um modelo em que a necessidade de consumo é explorada de forma sempre crescente, a fim de manter o melhor desempenho de seus agentes constituintes com o máximo de retorno e, desta forma, funcionando o todo social. Os esforços para estimular uma sociedade movida pelo consumo crescem de maneira gradativa, com publicitários, especialistas em marketing, executivos em geral e empresários ocupando-se em trazer soluções de consumo para a nova massa que surge, ao mesmo tempo em que cria atrativos para os segmentos já integrados, provocando a inovação permanente.
Para tanto, as tecnologias de informação e comunicação (TICs) são grandes aliadas. Elas possibilitam o desenvolvimento de produtos cada vez mais bem elaborados e portadores de funções facilitadoras, gerando na sequência novas necessidades e o must buy. O celular e a internet são exemplos já incorporados ao cotidiano e ao modo de vida dos cidadãos, agindo, inclusive, como agentes transformadores das relações sócio-econômico-culturais. Explora-se, com o estímulo a novas necessidades, o desejo de se estar dentro do circuito do mais novo, melhor e mais funcional dos mundos, incentivando a constante renovação dos dispositivos tecnológicos. É o ciclo do consumo sem fim, onde a obsolescência forçada é fundamental.
O enigma da superação
A tecnologia tem um papel essencial na facilitação do consumo, estimulando a compra impulsiva e desnecessária, desta forma beneficiando corporações e dando força à orientação econômica vigente. Nesse quadro inserem-se as lojas online, acessíveis sem sair de casa através de mecanismos que permitem o pagamento por esses produtos de forma rápida e segura com alguns cliques de mouse e via cartão de crédito (na maioria das vezes com juros elevados pela não quitação integral do débito, gerando endividamento elevado e contínuo). Dentro de algum tempo, a TV digital trará a possibilidade de comprar produtos de comerciais com o próprio controle remoto, pois tudo estará interligado, se definido o canal de retorno.
Circula na internet o vídeo We Are the Future (Nós Somos o Futurodisponível aqui), em que adolescentes na faixa de 13 anos argumentam que os profissionais de marketing devem rever a maneira de fazer comunicação. A justificativa é que a massa consumista está crescendo de tal modo que o futuro das marcas será por ela determinada. Comentam sobre os formadores de opinião, salientando ser necessário que as empresas paguem esses consumidores alfas, pois sua atitude influenciará diretamente os padrões de compra generalizados, o que reforça a ideia de que todos cada vez mais trabalham pelas marcas, gratuitamente, como se isto fosse inclusão.
Sendo o consumo a base da economia capitalista, de produção e demanda, de compra e venda, os profissionais responsáveis pela criação de uma condição favorável à aceleração da circulação estão cada vez mais atentos, ousados e valorizados. Suas investidas criam situações não raro inimagináveis, sempre procurando favorecer a circulação de mercadoria e capital. A pergunta que fica no ar é até quando tudo isso será sustentável. Chegará o dia em que o próprio ser humano será colocado para comercialização como um bem de consumo? Ou esse dia já chegou, sem que nem fosse percebido? Tudo isso denota a existência de um sistema que, longe de ser autossustentável, traz o enigma de sua superação na sua própria concepção.
***
[Valério Cruz Brittos e Jéssica M. G. Finger são, respectivamente, professor titular no Programa de Pós-Graduação em Ciências da Comunicação da Unisinos e graduanda em Comunicação Social – Publicidade e Propaganda na mesma instituição]

domingo, 11 de dezembro de 2011

O Grupo dos 77 mais China rejeitaram hoje o pacote de decisões apresentado na XVII Conferência Ambiental das Nações Unidas,

Via Adital

Adital
G-77 mais China rejeita documento da Durban

O Grupo dos 77 mais China rejeitou hoje o pacote de decisões apresentado na XVII Conferência Ambiental das Nações Unidas, por carecer de reivindicação dos países subdesenvolvidos sobre o Protocolo de Kyoto. Segundo fontes diplomáticas informaram a Prensa Latina, o grupo exigiu a apresentação de um novo texto, pois o que foi imposto não inclui um segundo período de compromissos de Kyoto, tema chave nestas negociações em matéria de mitigação de gases de efeito estufa.

O documento, promovido pelos países industrializados, forma parte de um pacote de decisões processadas pela Conferência das Partes do Protocolo de Kyoto e o Grupo de Cooperação a Longo Prazo da Convenção.

As sessões da conferência permanecem paralisadas, enquanto blocos de países unificam posições e examinam variantes de resposta diante das possíveis decisões que assumam os gestores dessas instâncias.

Durante estas duas semanas de negociações, o G-77 mais China insistiu na necessidade de um segundo período de compromissos do Protocolo de Kyoto, a fim de evitar uma brecha nas quantias de mitigação, já que o primeiro período do pacto expira em 2012.

No mesmo sentido se pronunciou a Aliança de Pequenos Estados Insulares, bloco que denunciou fortemente os perigos aos quais se expõem devido ao aquecimento global e à consequente elevação do nível dos mares.

O Protocolo de Kyoto foi assinado em 1997, ratificado por 156 países e logo rechaçado por dois dos principais contaminantes do mundo, Estados Unidos e Austrália.

Em essência, estabelece o objetivo de reduzir as emissões de gases de efeito estufa em uma média de 5,2 por cento com relação aos níveis de 1990, ainda que em seu anexo B especifique metas quantificadas de mitigação por cada país.

É, na prática, o único instrumento vinculante de que dispõe a comunidade internacional para quantificar as obrigações por países, apesar das limitações evidentes, dado o baixo nível de metas de redução.

O quarto relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática precisou que para estabilizar as concentrações de gases de efeito estufa aos níveis aceitos se requereria que os países desenvolvidos reduzissem suas emissões entre 25 e 40 por cento para o ano 2020, e entre 80 e 95 por cento para 2050, sempre em relação às emissões de 1990.

Em coincidência com o repúdio do G-77 mais China ao documento da conferência, grupos de indignados climáticos invadiram o Centro Internacional de Convenções de Durban, inconformados com o rumo da conferência, que deveria seguir a ordem de salvar o planeta do aquecimento global.

A passagem dos manifestantes foi obstruída por um cordão de guardas de segurança das Nações Unidas, que os impediu de chegar ao plenário onde ocorria a última parte da jornada da reunião.

"Não às transnacionais”, "Não matem a África”, "Salvem nossas mulheres e crianças”, "Não queremos morrer”, foram algumas das palavras de ordem dos indignados.

Os manifestantes, dispersados pelos guardas, se mantêm nas proximidades do centro de convenções.

A notícia é de Prensa Latina

sábado, 10 de dezembro de 2011

APRESENTAÇÕES DE TCCs - ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO PÚBLICA

Via blog da Margarete


Mais uma etapa concluída pela turma de Especialização em Gestão Pública


Apresentação dos TCCs da turma de Especialização em Gestão Pública da UEPG/UAB (Universidade Estadual de Ponta Grossa / Universidade Aberta do Brasil), Pólo de Congonhinhas - PR.


Parabéns a todas e todos que venceram mais esta etapa em suas vidas.
E nossos agradecimentos aos nossos tutores, professores, orientadores e companheiros/as de caminhada.
***
Evoluímos, progredimos, nos atualizamos nesta travessia... Ou como disse Cecília Meirelles, nos reinventamos, nos transformamos, pois "a vida só é possível reinventada..." e é nesse momento que nos fazemos novos, inovadores, melhores!


Reinvenção


A vida só é possível

reinventada.

Anda o sol pelas campinas
e passeia a mão dourada
pelas águas, pelas folhas...
Ah! tudo bolhas
que vem de fundas piscinas
de ilusionismo... — mais nada.

Mas a vida, a vida, a vida, 
a vida só é possível
reinventada.

Vem a lua, vem, retira
as algemas dos meus braços.
Projeto-me por espaços
cheios da tua Figura.
Tudo mentira! Mentira
da lua, na noite escura.

Não te encontro, não te alcanço...
Só — no tempo equilibrada, 
desprendo-me do balanço
que além do tempo me leva.
Só — na treva, 
fico: recebida e dada.

Porque a vida, a vida, a vida, 
a vida só é possível 
reinventada.









 


































 JANTAR DE CONFRATERNIZAÇÃO DA TURMA DE GESTÃO PÚBLICA 
(PESQUE-PAGUE)




















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Não deixe nada pra depois, não deixe o tempo passar
Não deixe nada pra semana que vem
Porque semana que vem pode nem chegar
Pra depois, o tempo passar
Não deixe nada pra semana que vem
Porque semana que vem pode nem chegar 

Nada pra depois, não deixe o tempo passar
Não deixe nada pra semana que vem
Porque semana que vem pode nem chegar
Pra depois, o tempo passar
Não deixe nada pra semana que vem
Porque semana que vem pode nem chegar
Nada pra depois, não deixe o tempo passar, 
Não deixe nada pra semana que vem, 
Porque semana que vem pode nem chegar
Pra depois o tempo passar,
Não deixe nada pra semana que vem,
Porque semana que vem pode nem chegar! 

(Trecho da canção Semana que vem, da Pitty)